20 fevereiro 2011

Perseguição

A calçada estava molhada, à sua frente um idoso em passos lentos com a coluna devidamente ereta e firme. Aquele homem possuía uma elegância.

Talvez sendo uns 50 anos mais nova que esse homem, ela resolveu segui-lo, pelo menos até o final da rua. Gostou da idéia de poder observar cada movimento do corpo do ancião.

Os dedos dele faziam leves gestos no ar, como se tocassem em algo muito macio. A jovem seguidora de velhinhos tentou imaginar quantas peles não haviam sido tocadas por ele. Mas ao mesmo tempo pensou por que sempre imaginamos que todos os anciãos possuem uma experiência muito maior que a nossa. Os anos de vida são a baliza?

Agora fixou seus olhos nos ombros, que estavam alinhados. Uma postura invejável. Veio à mente dela pesos, aqueles usados em balanças de antigamente. Mas nem sempre os pesos estão somente sobre os ombros. Uma vida custa outras sensações, sem dúvida.

O homem parou.

Ela sentiu um frio dentro de si. O que fazer? Ela precisava decidir rápido. Por algum motivo ela não compreendia como aquilo não fazia parte do seu plano. Mas que plano? A sua mente parecia ferver.

Resolveu ultrapassar o velho homem e foi embora sem olhar para trás.

Talvez um rosto jamais desse conta de explicar toda aquela confusão de pensamentos.

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