Na piscina, durante as três aulas semanais de natação, procuro sempre manter a respiração adequadamente. É importante para que o nado tenha uma boa eficiência e também evita um maior esforço e cansaço. Mas independentemente do esporte, é bom sabermos respirar, isso muitas vezes influencia inclusive a nossa postura. É uma pena que se ensine muito pouco às crianças sobre o valor da respiração.
Respirar também pode siginificar sentimento, algo interno que molda nossas aspirações, ansiedades e estado de espírito. Minha respiração em jogos do Mengão é uma verdadeira montanha russa de emoções. E quem nunca ficou apaixonado e sentiu a respiração mudar?
Era um dia normal de uma semana de trabalho e eu voltava para casa de ônibus. Atrás de mim estavam sentados um rapaz e uma moça, que pela conversa de ambos pude perceber que eram colegas de trabalho. O papo era de trabalho e eles estavam crucificando um terceiro colega que tinha a incomoda mania de se meter na vida alheia. Peguei minha Piauí e segui a viagem lendo.
Lá na frente, quase perto de casa, paro a leitura e volto a escutar a conversa do casal atrás de mim. A moça dizia que havia ido ao médico, pois não se sentia bem, se sentia fraca e sem vontade de fazer as coisas. Lá chegando, o doutor lhe disse que ela não tinha nada, tudo era estresse e cansaço, ela precisava de férias e que se ela descansasse devidamente, até o namorado ia sentir a diferença. Percebi então que o xará, sim ele se chamava William, alterou a respiração e perguntou em voz mansa: "e aí, ele sentiu?"
A moça riu discretamente e disse que isso era brincadeira do médico, pois ela não tem namorado, saiu de um relacionamento há pouco tempo e não quer se envolver com ninguém, pois tem medo de sofrer novamente. Nova manifestação na respiração do xará, ele comenta em voz doce: "mas você está ótima, é uma pessoa bonita". Ela ri e agradece. O xará emenda, com uma respiração mais relaxada: "você é uma pessoa legal, atenciosa, divertida". A moça segura a respiração por um breve tempo e depois diz "obrigada".
Chegou a minha parada. Levantei e ao passar pelos dois a vi encolhida de cabeça baixa, rindo e com as mãos entre as coxas. O xará estava com o corpo virado pra ela contando algo que devia ser engraçado.
Desci do ônibus e voltei pra casa, na manhã seguinte eu tinha piscina marcada para exercitar a minha respiração.
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