21 abril 2011

A estrada da felicidade

Germana dirigia seu carro numa estrada de terra. O sol brilhava forte e tudo era muito quente.

Se existisse um conceito de felicidade, ele estaria presente no coração de Germana, pois seus 25 anos não eram decepcionantes, não conquistou tudo que queria, mas tinha a certeza de que seu automóvel chegaria ao destino mais certo de sua vida.

Um homem muito velho estava parado na estrada. O carro de Germana passou por ele e logo depois freou. Ela virou o pescoço e ficou olhando para aquele homem, imóvel debaixo de seu boné surrado. Com muita calma, Germana encontrou sua máquina fotográfica na confusão de coisas que era a sua mochila.

Germana desceu do carro e caminhou até o velho.

Os olhos do homem se viraram para ela e com uma voz cansada ele disse "bom dia".

A moça respondeu com um sorriso e os olhos daquele solitário idoso se voltaram para a terra seca da estrada. Germana ensaiou preparar a câmera e antes do visor chegar em seus olhos, ela desistiu. Sentiu, por alguma inexplicável sensação, que aquilo deveria pertencer somente à sua memória.

O suor escorria pela testa de Germana.

O velho homem ajustou o boné na cabeça e em seguida cutucou uma das unhas de sua mão. Germana estava a menos de um metro deste homem e sentiu que na verdade havia uma distância muito maior. Tentou medi-la com a felicidade de seu coração e sentiu o pior sentimento de egoísmo e arrogância, por que ela deveria se julgar muito mais feliz que aquele homem? Percebeu que a foto que ela não tirou buscaria demonstrar isso, uma falácia sem tamanho. Lembrou do filme macedônio "Antes da Chuva".

Germana disse "foi um prazer conhecê-lo", o velho levantou o rosto e retribui com um sorriso aconchegante de poucos dentes.

Um blues em alto volume explodia no interior do carro de Germana enquanto ela dirigia para o seu verdadeiro destino, pelo menos até aquele momento ele era realmente verdadeiro.

Um comentário:

Amanda Galvíncio disse...

"Felicidade" algo nada definido... Poderia dizer que a meu ver são acumulações de sensações que por algum motivo acreditamos ter vivido ou que esperamos viver, e que muitas vezes se transpormos esses momentos para outro contexto eles nem de perto reproduziriam a "felicidade sentida". Julgar a felicidade alheia então... muito complicado! Mas sabe o que acho William que a só se é feliz quando se busca ser, sem receitas, sem conselhos...