01 dezembro 2011

Aliança


As suas mãos entram na terra escura como um carinho afável, mas também com a vontade típica de ardentes amantes que se tocam. É preciso recuperar aquela parte do jardim, o jardim que é somente seu e cuja beleza relaxa os olhos como um sonho.

Ela não consegue encontrar na memória o momento exato em que se apaixonou por aquele jardim, ele é uma extensão de sua existência. A manutenção do jardim lhe traz uma harmonia consigo mesma.

25 anos de idade ela possui com muitos desejos e expectativas na vida. A fúria de um conjunto de dúvidas lhe estremece o discernimento, e longe do jardim ela sente a loucura chegando aos poucos. Mas a terra do jardim está ali, e tocá-la ou fazer nela florescer mais um ramo, lhe devolve a razão, uma razão tranquila.

Os tormentos de sua mente se configuram por conta de fantasmas que plantam sementes de angústia e incertezas. Ela tem certeza de que provém de fantasmas, pois somente esses seres são capazes de nos assustar.

E o seu maior susto foi quando sentiu que o futuro parecia ruir bem na frente dos seus olhos.

A partir daí a força do jardim lhe deu forças. Numa manhã de muito calor ela deitou no meio do seu próprio jardim e descobriu que assim os fantasmas não se aproximariam.

Hoje o jardim parece cansado.

Ela consegue recuperar a parte danificada, porém do outro lado algumas flores não desabrocharam. Ela sente uma tristeza.

O suor do seu corpo não irá secar tão cedo.

2 comentários:

Amanda Galvíncio disse...

"Jardim", acho que de uma forma ou de outra todos temos um!!! O Problema é sempre esse, o nosso descuido.

William Hinestrosa disse...

Bem obserado Amanda, às vezes o descuido traz tristezas para a beleza de um jardim...