31 dezembro 2010

Boréu

Tudo desaparece e deixa de existir.

Os vínculos que possuímos, ao longo de nossa existência, com as pessoas e coisas, nos fornecem um sem número de experiências tanto alegres quanto de sofrimento. Se as coisas desaparecem é porque elas também acontecem. Acredito que cada acontecimento em nossas vidas manifesta uma intensidade própria, cabe a nós perceber o quanto essa intensidade nos permite usufruir ou não de cada ocasião. Sempre tive dificuldade em compreender como que o ser humano transforma os acontecimentos de sua vida em algo profundamente privado e individual.

Acredito ainda que as nossas personalidades não estejam baseadas no que é propriedade nossa, seja propriedade material ou emotiva. Busco compreender a nossa existência como algo que fortalece a harmonia nas relações entre as pessoas. Não há perda, ao longo da vida ganhamos continuamente. Todos que passam pela gente, mais foram provedores do que qualquer outra coisa e não são nossas propriedades.

Todo afeto que recebemos existe para enriquecer nossa sensibilidade. É muito estranho que ao perdermos uma fonte de afeto, nos tornemos alguém com amargor nos sentimentos. Toda tristeza pela qual passamos existe para fortalecer nossa visão de mundo, para sabermos onde pisar nas próximas caminhadas. É muito mais estranho que ao passarmos por um momento de tristeza, algum tipo de ódio ou rancor se desenvolva em nós.

Uma auto invasão pode ser um caminho interessante. Desaproprie as pessoas e as coisas de si mesmo. Vivencie cada um sem medo, todos irão deixar de existir e não tenha medo disso. Arrisque-se.

Um comentário:

Nara Marinho disse...

Era mais ou menos isso que queria escrever pra falar do final do ano! =) Obrigada pelas belas palavras!