24 outubro 2010

Saindo do Pit Stop

A van do Marquês parou no Pit Stop em Interlagos, uma padaria em frente ao autódromo do S do Senna. Sentado ao balcão e me alimentando com um misto quente, observei em volta e vi algumas alegrias a base de cerveja numa noite que se esticava até ali, 7 da matina. É bom amanhecer na boemia. Ao mesmo tempo que eu conversava com a Vanessa sobre o bolsa familia, repassei na minha cabeça a aula que daria para os alunos das Oficinas Kinoforum no bairro do Grajaú logo mais. Na verdade eu estava ainda na dúvida qual primeiro curta exibiria para a turma.

Foi então que do outro lado do balcão vi uma distinta boemia, eles eram três homens, todos por volta dos 40, dois dividiam uma cerveja e um tomava suco de laranja. Comecei a perceber que aquilo me sugestionava várias histórias sobre a origem daqueles homens, todos estavam com rostos cansados e o assunto entre eles parecia sério, eles não sorriam. Fomos embora, os três continuaram no balcão e eu havia decidido qual filme exibir.

"Mirror" (Espelho), um curta dinamarquês sem diálogos e com uma precisa concepção de fotografia e som. Esse curta é um bom exemplo sobre a força da relação imagem e som sugestionando coisas, despertando o imaginário do espectador. Considero interessante começar a falar de cinema a partir dessas bases.

O debate que se deu depois da exibição do curta revelou aspectos interessantes da turma. Não houve estranhamento significativo em relação às imagens sombrias e pouco explicativas do filme, ninguém demonstrou a busca por um sentido único para aquela narrativa, e entre os que fizeram comentários, as imagens mexeram com algumas sensações e expectativas. Eles se deixaram envolver e isso era um ótimo início.

Um comentário:

vanessa reis disse...

mestre william.
=)