15 outubro 2010

Desabafo de um jovem na onda eleitoral

Abaixo segue um texto escrito por Bruno Rebequi:

"Desabafo de um jovem na onda eleitoral

Eu nasci no mar! Num Brasil mergulhado, afundado, foi onde nasci. Um lugar de profundas belezas e terras que esbanjam riquezas que há mais de quinhentos anos são ameaçadas pelo homem branco. E esse mar de ameaças, frustrações e medos tentou me engolir. Tentou engolir meus sonhos, minha gana de vitória, meu desejo por igualdade e liberdade, não fosse por uma onda muito grande que subia na ribanceira, hoje teria sido eu abortado! Uma onda que começou a se formar na década de sessenta e a crescer vertiginosamente na década de oitenta. Devo meu presente à esta onda.

Eu era uma criança, e via aquele homem barbudo, de voz rouca, gritando pelos trabalhadores, pela educação, pelo futuro. Eu, ingênuo, jamais teria imaginado que aquele senhor tão mal apresentado – perto de seus adversários engravatados – estivesse falando do meu futuro, aliás, não imaginei que toda aquela vontade expressa, dentre tantas formas, na de suor, fosse se materializar nos dias de hoje, na minha vida, em meu presente, nas minhas escolhas.

A onda que começou de uma base, até então explorada, cresceu, e aquele homem criticado por ser operário, por não ter experiência política, convenceu, se tornando o presidente com a maior aprovação da história deste mar em que nasci.
Incrivelmente, eu vivi ignorando isto! E como jovem revolto, acabei aderindo a ondas menores e que considerava mais contrárias (ou contrariadas), integrando, nas últimas eleições, a onda ecológica. Oras, eu só queria que o grito do macaco-aranha da Amazônia fosse ouvido e que o homem não desmatasse tanto! E não imaginei que a grande mídia usaria o meu sonho para colocar, mais uma vez, em risco, a soberania dos pobres.

Levamos quinhentos anos para sair, de verdade, da escravidão e agora que conseguimos nossa alforria por oito anos, os grandes nomes da nação (grandes em cifrões, mas pífios em quantidade de famílias) querem colocar-nos as rédias novamente? Iremos ignorar todos os dados a cerca do crescimento econômico e social brasileiro por conta de deturpações antiéticas da realidade, envolvendo nossas crenças, nossa subjetividade, nossa fé? O discurso político foi transformado em “midiatização de boataria” para agaranhar votos de maneira extremamente maquiavélica do povo que, bem intencionado, crê em Deus. E é justo, tudo isso?

Não. É extremamente ímpio esse jogo de poder em que o candidato assume mil caras que se contradizem a cada segundo e que precisam ser constantemente maquiadas pela indústria midiática, de forma a iludir o eleitor com promessas, promessas e mais promessas, todas elas já realizadas no passado, e jamais cumpridas. Precisamos acordar para o grande risco que o Brasil está correndo, para o grande perigo que as crianças de nosso país – as que nasceram e as que estão por nascer – podem ter que enfrentar. Em minha infância eu vi um homem barbudo gritando na TV, por trabalho digno, por educação e pelo futuro da nação, e graças ao seu governo, que aproximadamente criou doze novas universidades federais e ampliou outras quarenta e cinco já existentes, é que meu sonho pôde ser realizado.

Há a certeza de que muitos outros sonhos puderam ser realizados devido ao aproveitamento dos impostos que todos nós pagamos. Histórias envolvendo pessoas extremamente humildes que sobrevivem graças a programas de governo, muitas vezes sem nem se dar conta de que realizam seus sonhos por intermédio de atos políticos impulsionados pela forte vontade de homens e mulheres que lutam por justiça social sem usar o apelo religioso, a palavra de Deus, para ganhar popularidade, e, consequentemente, votos. Estamos revivendo o cabresto, mas dessa vez, um cabresto religioso, antiético, e, ironicamente, imoral.

Em prol do futuro das crianças que, talvez sem entender, hoje assistem ao careca engravato e “sereno” e à senhora valente, embravecida, é que precisamos impulsionar esta onda que, por um orgulho partidário justificável, foi batizada de “onda vermelha”, mas que ao meu ver, é, na verdade, uma onda de todas as cores, de todas as etnias, de todas as classes e de todos os cidadãos. Esta é a verdadeira onda da vida!"

Bruno Rebequi
Comunicador de verdades essenciais, por dois anos cursou Comunicação Social na Ufes, atualmente cursa o bacharelado em Composição Musical (Trilha Sonora)graças ao Reuni,programa do governo Lula/Dilma.

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