22 dezembro 2009

Psicodelia à vista: em paz com o jacaré, Capitão Gancho sorri para o mundo

O que significa sorrir para o mundo?

Ter a causa ganha?
Levar a vida num sossego absoluto e chamá-la de mais ou menos?
Ou ainda, ser o humilde capitão de um barco em águas calmas?

Estamos de frente para um paraíso chamado Praia dos Carneiros, no litoral pernambucano, até que um moreno homem de estatura mediana e com um boné de listras azuis e brancas se aproxima e se apresenta como Capitão Gancho, o responsável por um prazeiroso passeio ao redor da praia cujo trajeto incluía piscinas naturais nos arrecifes, banhos em um banco de areia, argila para rejuvenescer a pele, visita a uma igreja do século XVIII e conhecer um jacaré.

O barco zarpa, e possuidor de duas mãos em perfeito estado, o gancho do capitão está nos dedos de seus pés, que conduzem a manivela do motor de popa.

O passeio nos faz sentir que ali é o centro do mundo, e o nosso Capitão, assim como o algoz homônimo da Terra do Nunca, amendontra seus pequenos passageiros com leves sustos ou pegadinhas, e sempre avisando que em breve veremos o jacaré sem deixar de ressaltar que não poderíamos, em hipótese alguma, passar a mão sobre o réptil.

E o sorriso do Capitão Gancho é largo, todo esticado para nos mostrar que ali a sua causa é ganha, como não cansa de nos informar. Me chamando de comandante ele faz questão de mostrar cada pedaço daquela natureza que para ele é uma dádiva, considerada por alguns outros piratas como a terceira melhor praia do Brasil, o que ele discorda com muita facilidade, pois em sua convicta percepção é a primeira, sem dúvida.

Damos a meia volta logo após o marco da batalha entre portugueses e holandeses, na qual os lusitanos levaram a melhor, e o Capitão estica a coluna e nos diz para nos prepararmos para ver o jacaré, chegou o momento.

Ele aponta e o jacaré surge diante de nossos olhos, gigantesco, como se tivesse viajado desde a Terra do Nunca para ser companheiro desse Capitão Gancho nessa nossa viagem. Ele é imenso e sua boca está aberta, não para nos engolir, mas para saudar tudo em volta.

Abrimos nossos sorrisos, pois o que parecia ser mais uma brincadeira do Gancho, era na verdade a mais séria forma de se divertir. Lembre-se de Peter Pan que fez seus amiguinhos voarem com a força da imaginação. Assim é que se descobre os centros mais belos do mundo como Carneiros.

A últiima parada na pequena igreja construída entre os coqueiros foi espiritual, uma reza de agradecimento e conciliação.

A viagem terminou, mas sorrir para o mundo sempre será uma constante, assim nos ensinou o Capitão Gancho, que pode estar longe da Terra do Nunca, mas não do seu jacaré que de boca aberta não o engole, apenas sorri junto com ele.

Psicodelia à vista: bem ali perto de Carneiros está ancorado o Submarino Amarelo.

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