Minhas pernas tremiam levemente.
Tudo o que meus olhos enxergavam era um abismo preenchido de neblina vermelha.
Os pensamentos apenas imaginavam aquela viagem, o corpo em queda livre e a neblina tocando a minha pele, um frio que me faria rever um passado, onde eu conhecia todas as minhas decisões e opções, escolhas feitas para viver até chegar na última das tentações.
Não, isto não podia ser um fim.
Quis acreditar que o abismo se tornaria um imenso túnel, uma travessia. O novo e o desconhecido estariam ali, do outro lado daquela atmosfera vermelha. Tempo? Sempre fiz minhas escolhas baseadas no tempo, agora o tempo seria o meu controlador, ele me forneceria essa nova experiência, não desejava pensar nele. E um frio atravessou minhas costas...
O concreto estava liso e os meus pés estavam prontos para escorregar para o mergulho. Aquele momento estava silencioso e a neblina parecia cada vez mais densa. Vermelho sempre foi a minha cor preferida, seria por acaso? Busquei o significado do vermelho pra mim, talvez representasse tudo o que eu acredito. Listei um a um até chegar no sangue.
Minhas pernas pararam de tremer.
Um comentário:
"...quem gosta de abismos tem que ter asas...ou crio asas ou viro esse abismo pelo avesso..." Antonio Abujamra
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