28 março 2008

Chão de pedras

Correu e caiu.
O braço ficou machucado e sangrava.
Ele se levantou e ficou olhando o ferimento, não sabia o que fazer.

Continuou correndo, suor e sangue escorriam pelo braço. Nos seus pensamentos uma dúvida: por que mudaram o horário?

45 anos de idade, e tudo que ele fazia agora era correr. Uma estrada de terra, poucas árvores, chão cheio de pedras.

Ele cansou, parou e decidiu não mais correr, o sangue escorria e coagulava. Enxugou o suor do rosto com a própria camisa.

Um velho empurrando uma bicicleta vinha em sua direção bem lentamente quando viu o seu braço machucado e perguntou se ele precisava de ajuda. A resposta foi que estava tudo bem, mas que ele precisava de água. O velho disse que sua água acabou há 5 quilômetros, e que se a sede fosse grande, era melhor voltar.

Voltar?

Aquele sangue coagulado era o seu orgulho. Parou para desprezar o tempo, mas ferir seu próprio orgulho seria algo demais.

O velho observava com olhos tristes e depois de um tempo se aproximou. O homem do braço machucado se afastou para sentar numa pedra, visivelmente ele não estava bem. O velho deixou a bicicleta ao lado do homem e seguiu seu caminho.

Horas se passaram.
Um homem com sede ao lado de uma bicicleta deitada no chão de pedras.
A noite parecia longe e mais longe ficou quando seu braço voltou a sangrar.

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