10 março 2008

Enveredar

Era ela, que estava numa parada de ônibus às seis da tarde não tão longe de onde eu estava, e começou a me dizer como estava frustrada.
Eu disse: Mas você sabe muito bem que eu não posso te ajudar.

A voz dela ficou mais grave, e então fiquei sabendo que ela estava cheia de sacolas do supermercado e impaciente com a espera do ônibus, que não parava de passar, mas sempre lotado. Mencionou novamente a sua frustração.

Propus que ela me esperasse na parada de ônibus, eu chegaria em 10 minutos.
Ela disse: Não!

Desligou dizendo que o ônibus havia chegado.

Eu disse: Alô.
Ele estava na casa da mãe dele, a dez minutos da parada de ônibus onde eu estava com várias sacolas de supermercado na mão.

Procurei entender porque eu estava com aquele sentimento horrível de frustração e ele seria uma pessoa ideal pra me ajudar nisso.
Mas por que a gente sempre acha que tem que ser ajudada? Aquele telefonema me trouxe outra frustração.
Pensei: Caralho!

Ele disse: Chego aí em dez minutos.
Desliguei com a desculpa que o ônibus havia chegado, e o coletivo realmente estava ali parado, mas muito lotado, vou esperar o próximo.

Eu pensei: Por que será que ela fala tanto no celular?
É a terceira vez desde que estou aqui esperando por um ônibus vazio, quero ir sentado e pronto!
Ela parecia aflita com alguma coisa, loira tingida, bonita, com uma sandália de plataforma que lhe dava mais uns 7 cm.
Ela estava suada e isso me atraía, tomara que peguemos o mesmo ônibus!

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