26 dezembro 2013

46 anos

46 anos.
Ela olha seu corpo nu no espelho de seu quarto. Não concorda com o que vê, mas sente libido. Tem vontade de desejo e perversão.
É seu aniversário, daqui a pouco uma comemoração divertida com as amigas, sem perversão alguma, mas quem sabe se no bar surgem olhos libidinosos de um homem que transformem algo em mais coisas... São amigas que ficam, que a compreendem. Sem roupa alguma no corpo, ela não sabe avaliar o peso daquelas amizades. O importante é que neste momento elas lhe estendem um ouvido, amigas que dão risadas das mesmas piadas.
Escolhe a calcinha mais adequada e se veste por inteira. Ela não quer chorar naquela noite, a vida inteira chorou em seus aniversários, ops, a vida inteira não, mas com certeza desde os seus 20 anos.

26 anos.
Flávia sempre achou estranho fazer aniversário no mesmo dia que sua mãe. Há três anos que não se falam, Flávia mudou de cidade e busca sua própria autonomia. Ela acha que a mãe envelheceu rápido demais.
É 26 de dezembro, uma data vazia como a considera Flávia, nem natal nem ano novo, mas no fundo, que importancia tem tudo isso? Ao seu redor ninguém sabe do seu aniversário, na verdade ninguém liga a mínima para o que ela pode significar nesse mundo.
Flávia diz pra si mesmo que está feliz naquele dia. Espera que o cartão enviado pelo correio chegue o quanto antes na casa de sua mãe.

O ano acaba e um novo começo virá... Flávia e sua mãe têm certeza disso, apesar de não esperarem somente felicidades.

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