11 setembro 2010

Saquê número 1

Olhei para o casal de mãos dadas e pensei: na idade dele eu gostaria de ter ficado com uma garota como esta. Mas o que de fato me atraía na companheira daquele rapaz? Talvez ela reunisse todas as qualidades que admiro em uma mulher, não estou certo disso, já nem lembro dela tão bem assim... Quantos pensamentos confusos!

Isso me fez lembrar da primeira vez em que tomei Saquê.

Pouco mais de cinco da manhã de um dia no meio da semana. A moça de olhos graúdos e cabelos escuros curtos dançava freneticamente na pista. Muita cerveja na minha cabeça. Ao meu redor havia homens que desejavam mulheres, e mulheres que desejavam dinheiro.

Ela parou de dançar e fui em sua direção, eu lhe disse algo confuso, ela riu e me falou que os caras de uma mesa estavam pagando muito mais e que ela não podia ficar comigo ali. Dei de ombros e ela se afastou. Voltei a beber cerveja.

Novamente ela dançava na pista, não compreendo até hoje o porquê do meu desejo, talvez ali, há 13 anos atrás, ela reunisse todas as qualidades blá blá blá. Me aproximei novamente dela e perguntei se os caras ainda estavam pagando, sem parar de dançar e balançando freneticamente a cabeça, ela me respondeu que não e me deu o seu telefone dizendo: "me liga amanhã".

Treze horas depois eu liguei e ela atendeu, seu nome era Cláudia. Percebi que ela não lembrava de mim, mas conversamos por quase trinta minutos, marcamos um encontro no dia seguinte.

Passei na casa dela, Cláudia saiu eufórica e me arrastou para um restaurante japonês, onde ela pediu um prato e sugeriu que tomássemos saquê. Resolvi provar, nunca havia tomado. Veio a segunda dose. Conversamos, terceira dose, risadas. Pagamos a conta e na saída pegamos um táxi. Dentro do carro ela conseguiu falar muita coisa de sua vida, que hoje não lembro nada.

Chegamos num pequeno bar muito lotado, ela se sentou junto ao balcão e permaneceu calada, puxei alguns assuntos e apenas monossílabos da parte dela. O saquê me deixou um pouco alto e junto com a cerveja daquele apertado bar a vista começou a ficar turva. O silêncio de Cláudia me angustiou.

Nos despedimos às três da manhã. A lembrança que tenho são suas franzinas pernas descendo a calçada. Cláudia virou na esquina e sumiu.

Um comentário:

Camila Lima disse...

Sou irreversívelmente romântica e com síndrome de Poliana. Cadê o final feliz?
Gostei muito....