15 setembro 2010

O Grito das Formigas



Chamou a minha atenção a inquietação da fé e a busca de algo sagrado capaz de aproximar o espírito de uma verdade interior que está presente no filme "O Grito das Formigas" (2006), do iraniano Mohsen Makhmalbaf. No enredo um homem e uma mulher recém-casados viajam pela Índia em uma jornada espiritual, ela extremamente religiosa e buscando um sentido para sua fé e ele um ateu que se põe à prova a medida que experimenta as intensas diversidades religiosas de um país.

O filme causou em mim reflexões sobre os contatos que temos com experiências espirituais, inclusive nas condições mais céticas possíveis. Acredito que não há necessidade de encontrarmos um sentido forte quando trabalhamos a própria espiritualidade, é possível termos um caminho a seguir, o qual se torna menos pedregoso quando aliviamos a carga. E como se desfazer dessa carga?

A obra de Makhmalbaf está longe de responder a essa pergunta, porém consegue dentro de uma narrativa sólida com imagens e situações construídas não pelo possível exotismo que um país como a Índia poderias nos oferecer, e sim pelos conflitos internos de seus personagens, a câmera navega pelos universos interiores a partir de uma exploração muito cuidadosa dos pontos de vista de cada um, o espectador é a todo momento convidado a sentir cada experiência. Não há respostas, há um filme provocador.


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