27 janeiro 2010

Tiradentes 26/27

O assunto era futebol. Em frente à sala de cinema, Tetê Mattos, Diego e eu conversávamos sobre o futebol carioca e a emocionante rodada final do brasileirão 2009. De repente um homem que bebia um guaraná pelo canudinho foi abordado por três policiais. Os guardas o revistaram por inteiro e quando terminaram o rosto do homem estava assustado e tentando compreender o que se passava ali. Depois foram todos para fora e depois de muita conversa dispersaram, o suspeito não era suspeito.

Enquanto observávamos esse acontecimento vozes mais altas ecoaram pelo local. Uma forte discussão acontecia entre dois homens com o pessoal do deixa disso apartando os furiosos para que não chegasse a nenhuma via de fato. Faltou pouco. O conteúdo do caloroso bate boca entre um diretor e um crítico foi que o primeiro ficou incomodado com o texto publicado pelo segundo num site, e aí foi aquele jogo de argumentações que traziam xingamentos de todos os lados.

Acalmaram-se os ânimos.

Não retornei ao assunto de futebol e o resto do dia foi tomado por mais curtas.

O dia 26 foi pulsante não somente entre policia, suspeitos, não suspeitos, diretores e críticos. A tela recebeu filmes que invadiram, no melhor dos sentidos, aspectos inquietantes e até perversos de um ser humano. Obviamente que não foram filmes monotemáticos, mas se aproximaram de uma coisa que me deixou curioso: somos de fato muito violentos?

A violência e a crueldade podem se manifestar de formas diversas, isso é um ponto pacífico, mas quando vejo que a criatividade de um diretor produz essas possibilidades violentas em pequenas coisas, como por exemplo uma chave jogada por debaixo da porta, aí percebo que o charme da violência não é produzir o choque e sim a sensação de que somos muito vulneráveis.

Violência e vulnerabilidade. Espero que não sejam as nossas características mais marcantes, mas espero que nunca possamos esquecê-las, principalmente para evitar que elas se manifestem da pior forma.

Primeiras horas do dia 27.
Festa, cerveja e amigos. Muito papo sobre cinema numa casa agradável no alto de uma ladeira.

Do lado de fora fiquei admirando o céu estelado ao som de Roberto Carlos.

Foi fácil esquecer de toda a nossa violência.


Os curtas do dia 26 que vi:

Coração (RJ)
Direção: Pedro Faissol

Valparaíso (RJ)
Direção: Diego Hoefel

Verão (CE)
Direção: Thiago Pedroso e Hiro Ishikawa

1976 (MG)
Direção: Carlosmagno Rodrigues e ALONSO PAFYEZE

Princípio da Incerteza (GO)
Direção: Cauê Brandão

EPOX (PE)
Direção: Sergio Oliveira

vista mar (CE)
Direção: pedro diogenes, rubioa mercia, rodrigo capistrano, glaugeane costa, henrique leão e victor furtado

Nego Fugido (BA)
Direção: Cláudio Marques e Marília Hughes Guerreiro

O FILME MAIS VIOLENTO DO MUNDO (MG)
Direção: Gilberto Scarpa

Laurita (SP)
Direção: Roney Freitas

Handebol (RJ)
Direção: Anita Rocha da Silveira

Sangre (MG)
Direção: Cris Ventura

Tauri (SP)
Direção: Marcio Miranda Perez

Tchau e Benção (PE)
Direção: Daniel Bandeira

Não me deixe em casa (PE)
Direção: Daniel Aragão

AS SOMBRAS (SP)
Direção: Juliana Rojas e Marco Dutra

4 comentários:

Alethea disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alethea disse...

É muito louca essa maifestação explosiva de violência em situações tão banais... briga entre crítico e diretor é quase a mesma coisa que briga de trânsito.

Daniel Bandeira disse...

Olá, William. Dirigi o "Tchau e Benção" e estou me mordendo em casa porque não pude ir a Tiradentes. Mas é bom ver que essa faceta mais violenta da banalidade anda chamando a atenção. Vejo muita gente coçando a testa em "outro-evento-que-acontece-no-meio-do-filme" (sem spoilers), mas é essa chave por baixo da porta que faz meu coração se contorcer - e olha que perdi a conta de quantas vezes vi o filme...
Valeu pelo comentário - é meio raro ter essa resposta com um curta, sabe como é...
http://www.facebook.com/danielbandeira?ref=name

Daniel Bandeira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.