20 dezembro 2014

Dor e nada

As letras estavam turvas e mesmo assim praticou a leitura sobre aquele cartaz sujo na porta de um banheiro mais sujo ainda.

Sem acreditar naquela leitura, ele decidiu usar a imaginação.  Tinha tempo. Pelo menos até um velho homem sair daquele cubículo conhecido como banheiro. 

Um tapete estendido num chão de terra, uma criança aparece e mija em cima desse tapete. O infante sai correndo e some.  O tapete solitariamente embaixo de um sol escaldante convive com o cheiro de um mijo infantil.

Nada.

Ele pensou consigo mesmo: "o cartaz e a turvidade da minha vista me levam a um nada". A bexiga doía. Dor e nada.

Foi por essa noite perdida no tempo que ele a conheceu e dali em diante muitas coisas em sua vida acontecer ele fez.

Sentiu-se longe de todos os nadas.

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