O desejo mais imediato naquela rodoviária é abandonar as suas pesadas malas. Duas valises cheias de esperança, mas que talvez o melhor destino para elas não é o mesmo que o seu.
Roberta se deslocará para um lugar à beira-mar e suas malas não precisam ir. Há meses percorrendo diversos lugares, ela lembra que chegou naquela cidade por acaso e que todos os acasos que viveu ali durante vinte dias foram felizes e intensos, o que pra ela é muito importante.
É preciso seguir...
E por que diabos as suas malas só cresciam?
O ônibus partirá em alguns minutos e Roberta gosta da sensação de não ter ninguém para lhe dizer tchau. Uma sensação boa. Pensa o quanto é difícil se desfazer tão rapidamente de duas malas grandes e volumosas.
Com o desespero de que não gostaria de resolver o problema de suas malas junto ao mar, Roberta surta e desfere chutes fortes nessas malditas malas. Muita raiva.
Obviamente isso chama a atenção de pessoas na rodoviária, algumas soltam risadinhas. Um segurança se aproxima e pergunta se está tudo bem. Sem responder, ela recolhe as malas, vai à plataforma e as despacha no bagageiro do ônibus que a levará ao mar.
Roberta encosta sua cabeça na poltrona sem o alívio que desejava. Pelo menos um novo destino desconhecido irá lhe sorrir daqui a 15 horas.
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