26 junho 2012

A jovem funcionária da loja de roupas

Foi na porta de uma loja de roupas que ela desafiou a sua própria insegurança. Precisava entrar para trocar uma saia comprada no dia anterior. Como ela podia compreender aquela troca? Insatisfação!

Sua mente se perturbava com as constantes insatisfações e naquela loja ela estava disposta a dar um basta nisso.

Procurou uma vendedora, tentou achar aquela que seria a mais nova da loja. Encontrou uma moça com piercing na sombrancelha, explicou que precisava trocar a peça de roupa e pediu algumas sugestões. A antendente, com uma invejável sutileza, indicou que a sua cliente não combinava com saias e seria melhor trocar por uma calça.

Perfeito. Como resposta a insatisfeita mulher vociferou palavras duras à jovem funcionária da loja de roupas, esbravejou que a opinião dela era rala e que não devia se intrometer com observações inadequadas. Foi uma busca incessante por todos os tipos de humilhações possíveis.

Uma funcionária mais velha tentou apaziguar a situação constrangerdora e não conseguiu. As palavras jorravam com um ódio que mesclava irritação com vontade de poder.

O poder escorria pelas entranhas da mulher insatisfeita. Isso a motivou para não mais se preocupar com a saia e somente expor ao mundo o seu modo de se sentir superior.

E o que fez a jovem vendedora? Nada. Apenas escutou de cabeça baixa. Em seus pensamentos navegava apenas a ansiedade para que tudo aquilo acabasse logo.

Sim, ela sentia um gigante desprezo por aquela mulher que a humilhava. Um insignificante inseto era a imagem que sua mente elaborava daquela mulher. A moça apenas reduzia, por meio de sua imaginação, a cliente a um nada, a uma existência detestável e condenável. Porém ela não tinha poder e seu castigo era o silêncio.

Duas horas depois.

A mulher vestia a saia que ela não trocou e se olhava no espelho. Sua mente era um poço de dúvidas.

A jovem funcionária enxugou as lágrimas quando descobriu que seu namorado sairia mais cedo do trabalho.

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