21 agosto 2011

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O telefone tocou.
Com os pés descalços ela corre pelo apartamento e atende. Era a confirmação de um encontro com velhos amigos e amigas.

Ela desce e vai até a esquina, onde seu namorado lhe pegaria com a moto dele.

A espera começa a ficar longa. Seu celular está descarregado.

Um índio se aproxima. Ele está com a cara pintada e se dirige a ela numa língua que ela não compreende. Sem saber muito o que fazer, ela aponta para uma padaria do outro lado da rua. O índio fica imóvel.

Muito assustada, ela corre em direção à padaria, entra no estabelecimento e pede uma coca-cola. De repente ela tem um ataque de riso e vai embora, passa pelo índio e volta pra casa.

Com o celular carregando, ela dá uma bronca em seu namorado. Ele está preso numa manifestação contra a construção de uma hidroelétrica próxima de uma área indígena.

Alucinação, foi a palavra que ela escreveu no bloco de notas na porta da geladeira, e depois correu pelas ruas de sua cidade com um cocar na cabeça.

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