21 fevereiro 2008

Questionabilidade

Ela preparava o recheio.
Na janela um pequeno vaso a observava.
Sua dúvida estava não mais no modo de preparo, mas se a ocasião era realmente a mais apropriada para mostrar a sua grande invenção culinária.
O tormento da incerteza lhe consumia e num repente ela parou tudo. Ela não podia se dar ao luxo de um intervalo, os minutos consumiam o desgaste no relógio de parede. Mas era preciso pensar!

Após contar e nomear todos os presentes à mesa na hora do jantar, ela se deu conta de uma coisa: uma pessoa em especial merecia provar aquela nova receita. O motivo? Esperemos um pouco.

Volta à cozinha, recomeça o trabalho com dedicação espartana.

Pronto, está pronto. 20h.

Um banho bem tomado, perfume no corpo, roupas leves.

Dia seguinte.
Sentada no sofá vermelho de sua sala, tudo que ela investiga em sua memória é onde havia errado. Todos os ingredientes estavam certos, o modo de preparo poderia até ser diferente, mas com toda a sua experiência era impossível errar, mas ela errou.

Foram somente duas vozes que citaram a estranheza, a primeira ficou incomodada com a pimenta. Pimenta? Sim, isso mesmo, a pimenta. Mas enfim, era um prato de inspiração indiana...
A segunda pessoa disse que... Ah, esta segunda pesssoa era quem realmente deveria provar o novo prato, o motivo? Ela com certeza não iria gostar, qualquer que fosse o cardápio. Elas se odiavam, e tudo por causa de um cabelereiro. Raios! Mas por que ela estava naquele jantar? Sabe aquelas coisas de grandes amigos em comum? Pois é...
Voltando, o comentário foi que tudo estava aguado.
Se havia sinceridade nesse comentário? Sem dúvida! Ali sentada em seu sofá vermelho ela lembrava o olhar de sua inimiga na noite anterior, pura sinceridade.
Esse foi o maior tormento, ela queria ouvir uma única reclamação, e sentir falsidade, mas aconteceu o contrário. Além de uma pessoa neutra ter reclamado da pimenta, a sincera crítica de uma rival a fez desmoronar.

E agora? Pimenta e água, como isso estava em exagero?

Tudo que ela podia crer era que a TPM a afetava com toda a sua força naquele mês, perdera a medida das coisas.

(e foi tudo o que ela disse ao caixa do banco)

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