25 fevereiro 2014

Alheios movimentos

Observei os movimentos dela. Antes de encostar o café nos lábios, ela manipulou o celular com rapidez e precisão. Havia uma mensagem firme ali. Seus olhos estavam concentrados.

Enfim a degustação do café.

Não houve reação, a bebida não incorporou nenhuma diferença significativaa àquele seu momento.

Pelo menos ela colocou pouco adoçante. O sabor do café foi pouco machucado.

Ela tirou da bolsa vermelha dois cartões de visita e os leu com atenção, parecia que precisava decidir algo muito importante. Deixou os cartões em cima da mesa e se distraiu com a conversa dos atendentes no balcão. Seus dedos dedilhavam com força na mesa, consegui escutar de longe. Parecia um tique.

Achei estranho que ela demorava a tocar novamente no celular. Refleti sobre o quanto pode ser bom enviar uma mensagem que não precisa de resposta.

Os seus movimentos não eram tão atraentes, fiquei pensando no que faz me aproximar dos movimentos alheios. Achei fútil que isso seja um exercício para a minha imaginação.

Ela se levantou, foi embora e percebi que os dois cartões de visita haviam ficado sobre a mesa.

Foi aí que notei o quanto a conversa dos atendentes era bem interessante e passei a observar os movimentos deles enquanto saboreava a terceira xícara de café sem adicionar açúcar ou adoçante, obviamente.

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