30 janeiro 2014

Paradas

O sol potencializa o calor naquela parada de ônibus. Hélcio Guerra espera a condução incerta, mesmo suando não deseja que o ônibus passe tão logo. Poderíamos pensar que a motivção é uma garota, mas o que lhe faz pensar naquele momento é a vontade de não sair do lugar.

Renatinha, com seus cabelos longos e menos de 1,60m de altura, está do outro lado da rua, numa sombra fresca e ansiosamente aguarda seu coletivo. Ela pensa em sua filha que está aprendendo a ler, gosta de ouvir a sua pequena se esforçando para narrar todas as palavras que encontra pela frente. Com a nuca suada suspende os cabelos com as mãos, deseja uma cerveja.

O sol faz um pequeno aglomerado de pessoas sob um pequeno toldo de uma lanchonete, Hélcio se espreme ali. Os rostos ao seu redor demonstram ansiedade e cansaço, ele está longe disso, uma inércia interior lhe consome. Não sabe o que decidir.

O ônibus se aproxima da parada e Renatinha percebe que esqueceu o celular em casa. A dúvida lhe consome e mais, ela se desconforta quando perde o controle das coisas. O celular é necessário em sua vida, lembra novamente da filha, Renatinha se sente na obrigação de estar conectada.

Renatinha esbarra em Hélcio, entra na lanchonete com passos pesados e pede um refrigerante, na mente ela diz um foda-se à sua dieta. Hélcio Guerra não tem filhos para lembrar, abandonou a dieta faz tempo e na mente diz um foda-se a tudo.

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