21 janeiro 2013

Normandia

A fraternidade daquele homem o levou à lua. Foi o primeiro comentário quando a descoberta do destino de Milton havia sido divulgada por todos os meios de comunicação. Mas como um desconhecido morador do jabaquara se tornou uma celebridade por conta de sua viagem espacial?

Dois anos antes, Milton estacionou seu carro na rua de um bairro nobre de São Paulo, e assim que desceu do veículo foi abordado por uma jovem que se apresentou com um nome incomum. Ela lhe perguntou onde ficava o veterinário mais próximo, e Milton, com toda a sua gentileza, respondeu que não era do bairro e que não conhecia nenhum doutor para animais.

A jovem de nome estranho seguiu seu caminho pela calçada e poucos metros depois desmaiou. Milton observou aquilo por alguns instantes e na sequencia teve um ataque súbito de riso, ria tanto que não conseguia se controlar.

Uma senhora que passava pelo local correu para ajudar a moça, que aos poucos foi retomando os sentidos. Milton não conseguia parar de rir e quando se deu conta viu a moça vindo em sua direção. Segurando o riso, Milton pediu desculpas e perguntou se não era melhor ela procurar um médico.

Milton não conseguiu segurar e se contorcia de tanto rir.

Dona de um nome impronunciável, a moça  rasgou o abdomen de Milton com um estilete.

Aos 45 anos de idade, Milton mergulhou num coma que lhe fez estar ausente no nascimento de seu primeiro neto.

Milton acordou durante uma madrugada silenciosa, levantou do seu leito no hospital e caminhou pelos corredores. Duas enfermeiras o reconheceram e se aproximaram, Milton apenas disse: "preciso de ajuda". Cada enfermeira ligou uma lanterna e as direcionaram para o rosto de Milton, que ofuscado pela luz soltou um grito.

Os familiares de Milton se desesperaram. O paradeiro daquele homem após dois anos de um coma profundo era totalmente desconhecido. Um mistério angustiante que desafiou todas as imaginações.

Milton estava na lua junto com outros astronautas russos e muitas lendas a respeito de sua personalidade foram criadas. A principal delas se referia às suas ações fraternas pelas ruas do mundo, um anjo desconhecido que auxiliava os mais fracos.

Aos dois anos de idade, o neto de Milton puxou o dedo do avô para acordá-lo.

3 comentários:

eu vim para confundir e nao para explicar disse...

adorei a viagem do Milton. bj

Lilih disse...

Massa!!!! Que viagem!!! rssss

Amanda Galvíncio disse...

Fiquei pensando... quantos Miltons e quantas viagem a lua, nós fazemos nessa vida?? Gostei do texto, bjos