Na calçada ela encontrou uma
pequena carteira vermelha, olhou para os lados e pegou o acessório em
movimentos bem rápidos. Soraia resolveu abrir a carteira. Estava vazia.
A mãe de Soraia morava num
apartamento bem charmoso, poucos móveis e bem decorado. Ao receber da filha a
carteira vermelha encontrada na rua, a reação da mulher de 50 anos foi dizer
que não havia espaço nem pra moedas e que não conseguia ver uma utilidade para
um objeto como aquele. Soraia tentou convencê-la a ficar com a carteira e o que
se sucedeu foi uma interminável discussão entre mãe e filha.
Naquela noite Soraia foi a um
clube noturno e dançou muito.
Tudo que Soraia, mística e
esotérica, compreendia era que aquela carteira naquela calçada teve a cósmica
função de agravar o seu conturbado relacionamento com a sua genitora. Soraia
sentia revolta. Soraia teve um plano.
“Ao encontrar essa carteira, por
favor me escreva dizendo o que aconteceu com você no dia seguinte, bjs Lua
escrevapralua@gmail.com”. Foi esse o bilhete que ela deixou no interior da
carteira antes de abandoná-la num centro comercial.
Seis dias depois ela recebeu a
seguinte mensagem:
“Oi Lua,
Não aconteceu nada!
Bjs
Sol”.
Além da frustração com a lacônica
resposta, Soraia nadou na dúvida se Sol era do sexo masculino ou feminino.
Prudentemente, resolveu não responder ao email para sanar sua dúvida.
Sim, Soraia possuía perguntas sem
respostas e precisava aprender a conviver com isso.
Soraia esqueceu da carteira
vermelha e recentemente visitou a sua mãe. Brigaram novamente por causa de uma
prima que fuma maconha.
2 comentários:
Senti pena da Soraya, acreditou muito em seu próprio misticismo e caiu na armadilha da expectativa. Também me frustrei, esperei uma resposta mais romantizada ao bilhete rs.
Mas a vida é assim né, muitas vezes é isso (mas só isso?!)
Daria um bom curta
bjs
Será que 'Sol' seria sua metade da laranja?
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