17 novembro 2011

Um grito que vem do rio

A releitura é uma interessante ferramenta para novas descobertas. De todo modo, também há o fator de amadurecimento pessoal, um dia nunca é igual ao dia anterior, mudamos constantemente. Foi refletindo o quanto eu havia mudado ou não, que cheguei ao final da releitura de "A Queda", de Albert Camus.

Uma das questões que me tocou foi o aspecto de julgamento, como a relação entre as pessoas pode agir como um tribunal do júri. A necessidade de superioridade em relação ao outro é algo que se estabelece quase como um poço de crocodilos.

Mas há uma fuga perante a crueldade da natureza humana? Quais mecanismos o homem encontra para se estabelecer nesse amálgama de sujeira e podridão? As vias são sinuosas e cada curva espera unicamente a miséria de cada um, não há morte, há humilhação.

Outro pensamento após essa releitura foi perceber que às vezes sinto uma atmosfera que exige nossas permanências, como se precisássemos encontrar sempre uma individualidade única e imutável. Somos compostos por nuances que em geral são conflitantes entre si e precisamos conhecer de perto esses conflitos, o autoconhecimento é gradual e as expectativas são cruéis.

Como medir a nossa própria percepção das coisas?

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